
Embora essencialmente não mude nada de um dia para o outro, hoje durmo com 32 e amanhã terei 33 anos.
Ja há algum tempo eu não conto mais minha idade e não porque tenho problemas com o amadurecimento, longe disso. É só porque eu realmente não acredito que exista nenhuma mudança significativa que mereça ser excessivamente reforçada entre pular de um ano para outro, ou melhor dizendo, de um dia para o outro.
Eu não acredito que o virar de uma noite possa acarretar qualquer mudança em nosso senso de responsabilidade.
Não acredito que um dia para outro cause mais rugas do que o acúmulo de problemas essenciais podem nos trazer ao longo de meses.
Não acho que a data marcada no meu registro de nascimento pode, de um dia para o outro, me trazer mais fios de cabelo branco do que as noites em que eu perco o sono lendo comentário de gente chata na internet.
E não me entenda mal, eu adoro rituais, acredito em destino, amo quase todas as datas comemorativas e, com o dia do meu nascimento, não seria diferente.
Dito isso, é claro que eu gosto de ter um dia pra dizer que é meu; gosto de saber o que meus pais sentiram quando eu nasci; gosto de saber que meu signo condiz com a minha personalidade e que a astrologia diz que a data 20 de setembro de 1991 simboliza o início de novas eras.
Eu gosto de saber que Everything I Do) I Do It For You do Bryan Adams era um sucesso no ano que nasci e, definitivamente, amo essa música tanto quanto eu amo acordar sendo mimada pela pessoa que eu amo no meu próprio dia, e posso amar mais ainda quando isso ocorre em dias comuns.
Mas a forma que eu gosto de passar meu aniversário, é comigo mesma e, de preferência, enfiada dentro do mato ou do mar. Sem extravagancias, sem exageros, sem muitas pessoas ou felicitações superficiais, daquelas automáticas que todos os anos os políticos da sua cidade deixam no seu Facebook.
Cá entre nós, já estamos velhos o suficiente para entendermos que o amadurecimento tem muito mais a ver com o quê passamos na vida do que quantas velinhas estamos assoprando.
Isso quer dizer que eu posso aprender muito de um dia pro outro, como também posso não aprender nada em 365 dias, muito menos na virada do 365º para o 366º dia, e estou bem ok com isso.
Porém, acabou que os astros se alinharam e que – especificamente neste ano em que completo uma idade emblemática – eu senti como se o meu corpo e mente estivessem conectados com a virada que vinha a seguir e sentir isso foi muito especial.
….
Que 33 anos é uma idade emblemática, não se pode negar:
Na espiritualidade, 33 anos simboliza a morte e ressureição de Cristo, portanto, pode-se dizer que é um período da morte de um eu para a vida de outro, cuja missão começa nesta idade nova que chega.
No espiritismo, esse é um período em que ocorre um descortinar espiritual, onde alcançamos maior maturidade neste âmbito da vida, além de um nível elevado de consciência.
Na Umbanda e Candomblé, essa idade está associada ao período de iniciação espiritual, onde através de rituais e cerimônias, se torna possível a conexão com suas divindades e guias espirituais.
No budismo, e especificamente para mulheres, os 33 anos é, sobretudo, a idade da maturidade e transformação, inclusive, a passagem dos 32 para os 33 é comemorado com uma cerimônia para espantar o sofrimento e também como agradecimento pelo encerramento de um período crítico. <3
Agora, no priscilianismo, eu poderia me limitar a dizer que faço da definição do budismo, a minha e isso seria uma verdade absoluta.
No entanto, pegando o gancho da crença de maior identificação que tenho, que reforça que devemos agradecer pelo encerramento de um período crítico, também gostaria de acrescentar que, para além de agradecer e deixar para trás a dor que o crescimento e amadurecimento causaram até aqui, quero aproveitar o momento para estabelecer uma renovação de votos.
Sendo assim, é com muita alegria e esperança, com o coração cheio de felicidade pura que hoje eu prometo:
- Me fazer feliz por todos os dias da minha vida;
- Me amar e me respeitar acima de tudo;
- Respeitar minhas vontades;
- Respeitar minha intuição;
- Respeitar o meu corpo e, por fim;
- Respeitar a minha alma.
Até que outra idade interessante bata a porta.
Amém.
Axé.
Gassho.
Agora, um resumo do meu último aniversário, numa praia isolada, sendo feliz.







