
Eu pedi licença.
Você me disse pra passar.
“Que boçal” – eu pensei.
Você não deve ter pensado nada.
Meu vestido não era de onça, ele era floral, um fundo branco com flores bem pequenas e delicadas, mas eu já cansei de tentar te convencer sobre isso, assim como você, provavelmente, já deve ter se cansado de me explicar matemática.
Como é doce o sabor de ter (re)encontrado você tão cedo nessa vida.
Que bondade divina ou universal, entre tantas pendências que devo ter pra resolver, poder contar com você desde o início dessa vida.
Você enfeita meu jardim todas as noites, você é a minha paz e caos na medida certa.
Você me fez acreditar.
A primeira vez que me levou pra conhecer o mundo foi dentro do seu próprio quarto, e até hoje, nunca precisamos ir longe para explorar sentimentos desconhecidos. Nós só precisamos de nós.
Quando eu te digo que as situações mais simples são as mais marcantes da nossa história, eu quero dizer que nunca me esqueci daquela noite em 2009, quando nós ficamos cantando engenheiros do hawai deitados no banco de cerâmica feito pelo seu pai e que ficava embaixo do pé de manga do seu quintal.
Eu nunca me esqueci que em 2010, enquanto nós estávamos trabalhando no Extra de Vilhena lá da área da sua casa, tocou a música “Do lado de cá” e eu te disse que meu sonho era um dia poder ouvir essa música olhando o mar. Você me prometeu que nós iríamos e eu acreditei e comemorei, mesmo sem nuca ter pisado fora de Rondônia.
Eu nunca esqueci daquela madrugada que você me explicou sobre a lua em 2016; da noite que ficamos ouvindo músicas internacionais dos anos 2000 em 2017; da outra noite que ouvimos músicas nacionais dos anos 2000 em 20018; da noite que ficamos assistindo clipes dos anos 70 e comendo alpino na cama, isso já foi em 2023.
Eu não me esqueço, amor, dos seus olhos quando você os aperta e eles ficam redondos.
O fato é que eu me apaixonei por você desde o dia 01, naquele dia, que você passou na frente da padaria e eu te acompanhei com o olhar a ponto de você pensar que eu era doida.
Eu me apaixonei e não tem amor que se compare; não tem vida mais feliz; não tem motivos grandes ou pequenos, tem amor, arrebatadoramente amor.
Eu amo tudo que envolve você, desde as roupas que te vestem, o cheiro que você deixa no ar quando sai do banho, o entusiasmo em me contar sobre as novas e revolucionárias ideias que surgem no meio de uma tarde de trabalho, os cafés que você faz todos os dias de manhã, sem falhar.
Eu amo o pequeno cuidado que você exerce diariamente em servir minha primeira xícara de café, independente se eu acordei às 7h ou se acordei 12h, você para tudo o que está fazendo pra me dar minha primeira xícara e, pra mim, isso não é nada além de amor.
E não pense que é exagero quando você se demora no banho e eu logo grito que tô com saudades, é verdade. Acho que meus olhos precisam ficar te seguindo pra terem sentido de enxergar.
Ok! Fui longe demais na última frase, menti feio, cruzei a linha, isso é totalmente figura de linguagem, até mesmo porque ontem eu te liguei chorando desesperada quando descobri que o grau dos meus olhos haviam aumentado, eu só preciso de óculos mesmo.
A verdade, é que todas as vezes que tento escrever pra você eu simplesmente travo, não por falta de ter o que dizer, mas por excesso, por epifania, por grandeza e por simplicidade, por amar demais.
Roberto já cantou meu sentimento: “eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras não sei dizer”.
Como é grande – é simples, é belo, é infinito, é resiliente, é benevolente, é agraciado – o meu amor por você!
Um beijo, sempre sua Priscy.
Notas para o futuro: Esse não foi um ano fácil, aliás, foi o ano mais difícil de nossas vidas até aqui. Mas a tempestade já passou, e dela, em meio aos escombros, restou apenas uma aliança simbólica e real, de que teremos mais “mil meses de amor, antes de ter prorrogação”. Seguimos.