Dias de calor e tosse 

Hoje o dia passou lento. Aliás, sinto que todos os dias seguem vagarosos por aqui. 

Não.

Na verdade, minto. 

Os dias que saímos cedo pra medir rua, esses passam velozes, contados somente pela hora que a barriga avisa: fome. 

Mas hoje, domingamos. Lento.

Ficamos quase o dia todo em casa como um típico domingo em família, que não estava completo, diga-se de passagem. 

Tomamos o primeiro café às 6h50. Depois conversei um pouco com minha mãe antes dela ir dormir e, mais uma vez rimos desse fuso horário estranho. 

Saímos pra procurar um pendrive – que saga – aqui as pessoas só usam uma espécie de adaptador de cartão de memória que possui quase todo tipo de saída, ou seria entrada?

Aproveitamos a ida na rua para testemunhar que a Khao Sam definitivamente não é mais a mesma e, ainda assim, tenta sobreviver mantendo um pouco de sua tradição, com pouquíssimas lojas de arte, alguns vendedores ambulantes, uns thai food aqui e ali e, circulando pra lá e pra cá, alguns mochileiros desavisados.

Aproveitamos pra comer uma comida rápida de rua antes de voltar pra casa, hoje fui de curry. Esqueci de avisar ~ no spicy ~ e sofri as consequências. 

Na volta pra casa, depois de um hiato de silêncio entre nós, André me perguntou o que eu estava pensando:

“Estou pensando em quanto a Tailândia se ocidentou em 8 anos”. 

Realmente era o que eu refletia e até com uma pitada de angustia em vocalizar isso.

Logo depois do almoço, vi um casal de turistas tratando com um certo tom ríspido e de agressividade um ambulante local que oferecia seu trabalho, isso em uma das ruas que já foi a principal avenida de comércio desses locais. Indigestos. 

Eu já conheço aquele olhar,  é o mesmo que vejo em alguns turistas que vão pro nordeste e desdenham do trabalho de um povo simples e esforçado que, muitas vezes, estão ali pra servir os carniceiros que buscam somente diversão a baixo custo, red night district e ping pong show. 

Ufa! Chegamos em casa.

O curry do almoço tava tão gostoso, mas algo ficou entalado na minha garganta, precisava descansar.

A tarde foi quente. Minha cabeça esta fritando nos roteiros dos locais que vamos conhecer. André tosse o tempo todo na cama. 

Pausa pra um café,

um panetone

e um pãozinho de banana.

Tudo bem fresquinho.

Encontramos na volta pra casa, aparentemente em uma feirinha para japoneses. 

Estava uma delícia. 

O fim da tarde caiu. Frescor, finalmente.

Agora, enquanto jogo palavras por aqui, uma chuva se anuncia com gotas grossas, demonstrando que o cheiro de terra molhada é igual em todo o planeta, é sempre vai trazer lembrança de lar. 

Quase lembra a chuva fina que caia na grama do meu quintal em Alagoas. 

Chuva fina e quintal que ainda não sinto saudade.

Da Puccinha, dela já não posso dizer o mesmo. 

Hoje não vamos sair pra procurar comida. Vamos pedir algo por aqui mesmo e assistir abraçados. 

Notas para o futuro: normalmente quando um calo aperta, nós o culpamos pela dor que estamos sentindo nos pés, mas veja bem, ele não se forma sozinho. 

O problema não é o calo. 

Reflita sobre o tamanho do sapato e se ele está adequado para a situação que você vai usar. 

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