Notas Para/Ná

O Estado que carrega em sua oxítona o apelido que eu tão carinhosamente eu lhe entreguei, foi também palco do lugar onde estávamos quando nossos corações se cruzaram a primeira vez.

E eu digo corações, porque a nossa amizade não nasceu de um amor à primeira vista e você certamente há de concordar.

Sim, é fato de que eu fui a primeira a abrir a porta pra você, mas quem foi que disse que morri de amores pela sua bota mostarda estilo timberland que eu sempre quis ter uma?

Quem disse que eu lembro de cabeça e como se fosse ontem, o primeiro sorriso que você me deu e eu sem saber muito bem o que dizer disse: seja bem-vinda.

Olha, eu realmente gostaria de poder contar que tudo começou naquele momento, nossos olhares se cruzaram e a amizade então se fez, mas não foi nada disso.

Eu também gostaria de falar que foi por causa do feijão da sua mãe, que realmente era muito bom e, nas raras vezes que você levava marmita e subia aquele cheirinho, dava vontade de meter a colher no seu prato.

Mas a verdade, é que a conquista ocorreu de uma forma beeem menos interessante e na verdade muito clichê. Cachaça, né?

Em uma noite entre amigos no Equilibrista, disseram que você iria colar, eu fiquei receosa, não sabia exatamente se eu queria ser sua amiga, mas quando você chegou, todo o receio foi embora… bebemos uma, duas, três, dez.

Usamos o chapéu do “artista” pra tirar foto. Fizemos trenzinho no meio do bar. Até hoje me pergunto: “o que foi aquilo?”

Hoje eu sei a resposta, acredito que tenha sido um encontro de almas.

Depois daquele dia, sua amizade e companhia foi um bálsamo para suportar os outros dias que viriam… cinzas, capengas, chuvosos e sem graça.

Você era tão inteligente, falava outras línguas, queria ser diplomata, alias, você foi a primeira e única pessoa que eu já conheci até hoje que disse que gostaria de ser diplomata, eu nem ao menos sabia o que fazia um diplomata.

A gente jogava Ping pong, eu perdia e queria revanche.

A gente ia pra casa do tio Marquinhos, a gente tomava doses de cachaça de acerola, a gente enlouquecia o Andre de raiva quando ele já estava pra lá de Bagdá.

“Eu vou matar vocês…” o restante da frase, prefiro não comentar porque meu blog será de indicação livre. rs

Fiz uma festa surpresa no seu aniversário, lembra da chuva que caiu? Todo mundo junto no embaixo do ombrelone. Tenho fotos horrivelmente fofas desse dia! Hahaha

A gente cruzou o oceano juntas. E de repente, tudo mudou.

Não sei se foi o fuso horário de 12h de diferença que virou nossa amizade de cabeça pra baixo, foi o jet lag talvez? Talvez!

Eu penso que pode até ter sido algum efeito paranormal, sabe? Aquela coisa que rola em filmes teens tipo sexta feira muito louca, click, e se eu fosse você!

Será que comemos um biscoito da sorte que arrancou de nós a sorte de termos sempre por perto as nossas gargalhadas?

Será que foi o primeiro smoothie que tomamos em solo asiático?

A Ásia causou alguma azia em você? Em mim, talvez.

Sabe, Ná, você foi a única pessoa que estava ao meu lado na realização de um sonho que até outro tempo era inatingível pra mim. Será que você não percebeu?

Ou talvez fui eu, que não soube respeitar o momento feliz em que você estava vivendo, aliás um dos momentos mais felizes, você finalmente estava amando outra vez, amando alguém que iria te fazer feliz – e nos fazer feliz – você estava em uma fase de muitas conversas, de compartilhar tudo… e eu não soube entender.

Ciúmes de amiga? Eu???
Qualé? Eu não tenho mais 15 anos.

Mas talvez eu tenha descoberto lá naquela viagem que esse sentimento pode aparecer aos 27, aos 32, 57.

A volta foi solitária, é verdade, estávamos com ressaca de nós mesmas. Foram meses sem nos ver, ano até.

E de repente, quando nos reencontramos tudo estava ali e ainda melhor, porque você trouxe alguém incrível pra conviver conosco e todo aquele amor entregue por ambas à nossa amizade parecia então ter transbordado. Isso não é o mais importante?

Em todo tempo longe de você eu continuei cultivando o sentimento que vinha do meu coração, eu não precisava te ver diariamente, não precisava estar grudada em você, meu coração estava lá. Seu coração sempre esteve aqui (…).

Hoje, novamente me encontro há anos de distância, e me peguei pensando em como será que você está.

Tá feliz, Ná? Anda se alimentando bem?

O arroz ainda não faz diferença em uma refeição pra você? Porque ele continua sendo meu carbo predileto!

Quais são os planos para as próximas viagens?

Você continua mandando muito bem no trabalho?

Soube que você tava escalando. Eu achei incrível! Afinal, o topo sempre foi o seu lugar.

E não falo o topo no sentido de status, embora você tenha competência para tal, falo de um topo ainda mais alto, do céu mesmo…

Dizem que a felicidade está toda lá naquela infinitude de azul celeste, então é esse monte de felicidade que eu desejo pra você!

Azul como um dia de paz.

Nunca pare Ná, escale até o céu.

Notas Para-Ná: Eu te amo! Eu me importo com você. Desculpe se causei alguma dor.

Notas para o futuro: Sobre as amizades que passam, mas que vão ficar pra sempre.

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